Capitulo 1

Capítulo 1


Lá estava eu andando em meio a imensas árvores. Eram eucaliptos, e uma brisa suave que acariciava suas copas liberava um agradável perfume pelo ar.
Sob meus pés havia uma calçada estreita de concreto que abria uma trilha segura e direcionada pelo caminho entre as gigantescas árvores. Fui seguindo a trilha pelas sombras das folhagens até abrir-se diante de meus olhos uma clareira visivelmente arquitetada. Mesas de concreto cercadas de pequenos assentos do mesmo material e bancos como de praças que ladeavam a clareira, era a visão da linda paisagem que se completava com as flores que davam um colorido especial e chamativo a qualquer olhar que passasse por ali.
Era um convite mais do que aceitável aquele lugar, então escolhi um dos bancos para me sentar e aproveitar os raios de sol que penetravam por meio das copas das árvores.
Estava agradável a sensação do sol da manhã no meu rosto, então fechei os olhos e inclinei meu corpo até recostar a cabeça no banco, relaxando completamente e aspirando aquele ar tão puro e saudável.
Fiquei assim por alguns minutos, mantendo minha mente limpa de qualquer pensamento, e meu corpo largado sobre aquele banco de concreto.
            De repente, minha paz foi interrompida quando ouvi passos em minha direção. Passos apressados. Num momento me recompus sobre o banco e de imediato abri meus olhos, mas a luz do dia sobre meu rosto fizera que minha visão não conseguisse captar exatamente o que vinha.
            Ofuscada pela luz do sol, via uma silueta masculina que vinha de frente para mim. Meu cérebro meio confuso pelo rompante de meus movimentos tentava somente voltar à normalidade de seu sistema, e estreitando os olhos tentava decifrar de quem era aquela imagem que se dirigia em minha direção.
            A figura que antes ofuscada pelo sol agora reluzia com a ajuda dele e me revelava alguém de um corpo alto e de uma postura requintada e de um rosto que ainda não podia ver claramente em detalhes, mas meus olhos podiam ver os seus e... Meu Deus... De repente perdi o fôlego, ele também olhava direto nos meus e vinha se aproximando cada segundo mais perto.
            Aqueles olhos não eram familiares e me hipnotizaram de tal forma que não conseguia desviar o olhar.
Os segundos se passaram, sua proximidade foi inevitável até que ele se colocou parado a minha frente. 
Eu ainda sentada no banco me via em desvantagem, pois ao vê-lo de minha posição ele estava muito alto e muito próximo. Tentei insinuar que iria me levantar para ver se ele se afastava, mas ficou me olhando fixo por alguns segundos sem mover um músculo. Foi se abaixando a minha frente até nivelar-se a minha posição. Eu por minha vez, por mais que quisesse dizer algo ou fazer algum movimento, estava paralisada pela hipnose de seu olhar que agora mais próximos podia ver com nitidez. Sua cor castanho escuro misterioso que à luz do sol se tornavam excessivamente brilhantes.
Ele olhava pra mim e só. E quando pensei em dizer alguma coisa ouvi uma voz aveludada e meio rouca falar comigo.
            - Mel...
            Fiquei em choque! Como ele poderia saber meu nome? Eu não o conhecia. Então mais uma vez fiquei paralisada, não sabia o que dizer. Isso era bem típico em mim. Nunca fui boa para resolver nada sobre pressão, muito menos com olhos tão penetrantes me mantendo inerte.
 Outra vez ouvi me chamar.
            - Mel!
            Só que desta vez a voz não era tão aveludada, já demonstrava um ar de impaciência. Eu ainda não conseguia me mexer quando percebi que ele estendia as mãos e me pegava pelos ombros.
Não havia reação em mim, eu não conseguia tirar meus olhos dos dele e minha voz sumira. Foi quando senti um frio no estomago, aquele homem que eu não conhecia estava me chamando e me segurando com força. Meu instinto foi o de correr, mais ele estava bloqueando a passagem e de qualquer forma, minhas pernas estavam congeladas.
            - Mel?!
            Desta vez a voz era dura e urgente e não veio a mim nada agradável. Quando pela terceira vez ouvi aquela figura me chamar sem eu saber de onde ele poderia me conhecer ou o que queria comigo e suas mãos segurando firmes meus ombros. - Como se atrevera a me segurar daquela forma? - Não contive o frio de pavor que surgia e disparei em um grito sufocado e desesperado. Fechei meus olhos para sair daquela hipnose ocular e comecei a gritar como um passarinho tentando escapar das presas de um felino.
            - Mel!!!!   - Gritou mais forte. E agora suas mãos me sacudiam e no auge de meu desespero soltei um grito ainda mais agudo e abri novamente meus olhos planejando me levantar e correr, quando percebi então que já não estava mais na clareira, nem sob aquele olhar, e sim na minha confortável cama e com as mãos e olhos de meu irmão sobre mim.
            Tinha sido apenas um sonho.